Amebas de Vida Livre
Atualmente sabe-se que Amebas de Vida Livre podem causar Meningoencefalite, Encefalite granulomatosa e Ceratite. Provavelmente casos humanos ocorreram desde longa data, mas podemos pensar que estamos frente a Protozoário em transição para a vida parasitária, o que aumenta a necessidade de pesquisas para compreender melhor esses novos parasitos, sua patogenia e epidemiologia.
Principais Espécies
Na Natureza existem dezenas de espécies, porém as que podem atingir o homem são as seguintes:
A) Família Schizopyrenidae: com 14 gêneros e apenas uma espécie- Naegleria fowleri- É patogênica;
B) Família Hartmanellidae: Com 23 Gêneros sendo um deles- Aconthamoeba, apresenta oito espécies de interesse. O diagnóstico dessas Amebas para as Patologias humanas tem sido dado como Acanthamoeba SSP, sem designar a espécie.
C) Balamuthia madrilaris, Valkampfia SPP ehartmanella: São Amebas de vida livre, as vezes incriminadas como agentes demandrillaris patologias humanas, algumas porém sem dados conclussivos.
B. Mandrilaris tem sido relatados em casos de Meningoencefalite granulomatosa em aidéticos e espécies de Artmanella forma recolhidas de faringe, porem poderiam ser agentes oportunistas de menigoencefaliete.
Assim temos Meningoencefalites fulminantes que causam morte em três a sete dias, tendo como etiologia primária a Naegleria fowleri; a encefalite granulomatosa crônica, que pode levar a morte após longos períodos, é devida a espécies de Acanthomoeba, que também causa ceralites e, em aidéticos, podem acometer outros órgãos, tais como pele e pulmões.
Biologia e Patogenia
Acanthamoeba só invadem a córnea previamente lesada. Se houver abrasão ampla, a Ceralit tem desenvolvimento rápido, com ulceração da córnea, muita dor de cabeça e perda de visão variável.
Elas são encontradas no solo e nas águas de lagos e rios. As formas Trofozoícas são ativas e alimenta-se de Bactérias; Os cistos são encontrados no solo seco ou na poeira. O desencistamento ocorrem quando os cistos entram em ambiente úmido, principalmente em presença de Escherilla coli e outras bactérias.
As formas flageladas movem-se ativamente na água e ao entrarem em contato com a mucosa nasal transformam-se em trofosoítos ativos; daí via Epitélio Neuroolfativo atingem o cérebro, onde se disseminam por via sanguínea.
Os casos agudos em geral têm como agente etiológico a N. fowleri; é uma lesão hemorrágico-neucrótica mais prática atingindo a base do lobo frontal e cerebelo. E geral está relacionada com banhistas jovens, que até alguns dias antes do início dos sintomas gozavam de perfeitas saúde e nadavam em lagoas ou piscinas malcuidadas.
Acanthomoeba em geral acontece uma lesão granulomatosa, em pacientes delibitados, e muitas vezes, imunodeprimidos. Casos de Pneumonia tem sido descritos, muitas vezes com histórias de nasofaringite, cefaléia e epistaxi.
A prevenção da encefalite amebiana só pode ser feita pela abstinência de natação em lagoas, piscinas e rios possíveis de estarem contaminados.
Diagnóstico
Clínico- Muito difícil, pois no início se confunde com uma rinite inespecífica, rapidamente para a morte, razão pela qual a maioria dos diagnósticos é feito post-mortem. Em geral poucas horas após o contato com a água contaminada por Naegleria surgem sintomas nasais (rinite); três a sete dias após( período de incubação) a doença se manifesta por encefaléia, febre, náuseas, vômitos, convulsões e morte. Nos casos provocados por Acanthamoeba spp ou B. mandrillarisa, a evolução é mais lenta e quase sempre ocorre em pacientes imunodeprimidos. Os casos de ceralite são quase sempre decorrentes de lesões da córnea por traumatismos externos ou pelo uso inadequados de lentes de contatos.
Laboratorial- A primeira medida é a coleta do material no órgão afetado, fazendo-se exame direto a fresco ou corado pela hematoxilina Férrica, é recomendado também fazer a cultura do material coletado.
A imunoetroforese, a imunofluocência, a imunodifusão em gel e o imunoblot tem sido muito uteis, especialmente para identificar os casos e as espécies de Naegleria.
O isolamento e manutenção da cultura podem ser feitos a partir do material coletado de águas(ou lodo) de piscinas, lagoas, aquários, líquido cefalorraquiano ou secreção nasal. O material deve ser semeado com todos os cuidados bacteriológicos de assepsia.
Epidemiologia
As Amebas de Vida Livre podem ser encontradas nos mais diversos ambientes, atitudes, longitudes e latitudes. Água doce em locais remotos , até açudes, piscinas, água mineral engarrafada, água de rede urbana, material de diálise, praias marinhas, diversos vegetais, peixes, répteis, aves mamíferos, etc. As espécies patogênicas são isoladas com maior frequência de piscinas do que de águas naturais, talvez indicando que o contato com a pele contribua para sua ambientação, e reprodução. As espécies de Naegleria e de Acanthamoeba são as mais frequentes no meio ambiente, a primeira é mais comum em águas aquecidas( piscinas, tanques, canais). São resistentes a dosagem usual de cloração e os cistos resistem mesmo em dosagens mais elevadas.
Terapêutica
Os medicamentos com alguns efeitos usados nos pacientes com vida foram a Anfotericina B, o Miconazol e a Rifampicina, por vias intravenosa. Os medicamentos devem ser usados o mais precocemente possível.
Nos casos de Ceratite, a terapêutica também é difícil, podendo-se usar tropicalmente os seguintes medicamentos: Isotianato de Propamidina (Colírio ou pomada), poli hexametileno de biguanida e neomicina; Cetoconazol ou itraconazol, via oral. Esses medicamentos podem ser associados com antiflamatórios, porém o uso de corticoides é controvertido. O transplante de córnea, após a cura parasitológica, pode permitir o retorno a visão.